Uma parte da nossa vida que se foi...

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Tivemos três filhas, criadas com muito amor e dedicação. As educamos para que tivessem não só o comprometimento com suas obrigações, mas também com a sociedade, ajudando, respeitando, conquistando o seu espaço por seus próprios méritos. Mérito que, a Bianca conquistou aos dezenove anos, quando prestou o concurso para o cargo de auxiliar legislativo da Câmara de Vereadores do Município de Pedro Osório, sendo aprovada em 1º lugar. Hoje, por sua competência e dedicação estava na direção da mesma.

Quem a conheceu sabe que ela “era o que era”, de personalidade forte, decidida e muito franca, mas com um carisma inquestionável, por onde passava fazia amigos com facilidade. Sempre muito responsável, trabalhava pela manhã, cuidava do Caio à tarde, estudava à noite (era graduanda do curso de Engenharia Elétrica na UCPEL, o qual terminaria no final deste ano) e, como excelente mãe que era, sacrificava suas horas de sono, na madrugada, para seus estudos complementares, pois não queria, de forma alguma, deixar de acompanhar a vida de seu filho nos horários diurnos. E, ainda assim, tinha tempo para fazer parte de grupos, comissões, conselhos municipais, sem receber qualquer remuneração, com o único objetivo de ajudar a população de nossa cidade. SEM SOMBRA DE DÚVIDAS, ESTA SIM ERA UMA PESSOA DO BEM.

Bianca, começou a dirigir aos dezoito anos, adorava viajar. Sempre dirigiu com prudência, responsabilidade, respeitando as leis de trânsito e a vida do próximo, lembrando que na época em que tirou sua habilitação não havia a obrigatoriedade de freqüentar a auto-escola. Por isso, dizemos, a base para ser o que somos, grande parte vem da educação e o complemento vem de dentro (a índole, o caráter, etc). De nada adianta, a freqüência em aulas sobre educação e responsabilidade no trânsito, com ensinamentos sobre a condução de um veículo e os riscos advindos com seu mau uso, se o indivíduo realmente não está disposto a colaborar e respeitar a coletividade. Para muitos, parece que nada disso importa, nem mesmo os conselhos das pessoas amigas, alertando sobre os perigos e os riscos que podem ser causados com atitudes impensadas e irresponsáveis. Para estas pessoas, o que importa é a imprudência, a irresponsabilidade, o exibicionismo de andar em alta velocidade.

Essa irresponsabilidade, esse exibicionismo tirou a vida de três seres humanos. Vida de uma mãe e de duas crianças, sendo que uma não teve sequer a chance de nascer. Temos apenas a dizer que, não temos mais nossa filha querida, esposa, irmã, nosso neto Caio, filho e sobrinho, que ajudávamos a criar desde o nascimento... um momento glorioso para toda nossa família. Não temos palavras para expressar o que Caio representava para toda família. Muito amado por seus pais, avós... adorado pelas titias corujas. Era só alegria. Caio, apesar do pouco tempo de vida, três aninhos, costumava dizer que “era feliz, que tinha tudo”... Incrível, não?! Aguardávamos felizes e ansiosos a chegada do pequeno Cássio, prevista para dezessete de abril próximo... seria ele parecido com o maninho? Infelizmente não saberemos. Triste.... Muito triste... Cleber, um rapaz jovem, motociclista consciente e responsável, agora sofre a dor de ter-lhe sido arrancada a sua família recém formada; a vida de sua companheira e filhos. Uma lástima.

Agora só nos resta sentir a falta, saudades. Saudades que sentimos a cada minuto do nosso dia-a-dia. E, apesar da imensa dor causada pela interrupção, de forma tão brutal, da vida dos nossos amados, permitimos, juntamente com Cleber, a doação dos seus órgãos, sendo possível apenas a retirada das córneas, pois seus corações não resistiram ao tempo necessário para retirada dos demais. Sabemos que, com esse ato, outras pessoas terão a chance de voltar a ver seus amores, amigos, um luar deslumbrante, um dia de sol radiante,... de certa forma, isso nos conforta. Para aqueles que gostam de tecer comentários, este é um comentário que pode e deve ser feito, pois bons exemplos, boas atitudes é que devem ser seguidos e bastante falados.

Nosso muito obrigado à equipe da Santa Casa de Misericórdia de nossa cidade, desde aos motoristas aos funcionários do mais alto escalão, que apesar da precariedade vivenciada pela unidade hospitalar, prestaram o atendimento possível no momento e, o mais importante, com preocupação, responsabilidade, carinho e sentimento de humanidade. Muito Obrigado!

Agradecemos também, a presença e o apoio das pessoas amigas, com as quais seguiremos contando para nos ajudarmos neste momento tão difícil.  Falamos tanto em presença física quanto em pensamento, pois sabemos que muitos ainda não tiveram coragem de vir até nós, mas entendemos... foi muito chocante,  foi horrível, é triste, desumano; mas acreditem que sentimos a presença e o carinho de todos que nos querem bem. Nosso muito obrigado!

Jamais duvidamos da existência de Deus, sempre tivemos muita fé.  Esta crença em Deus é que nos sustentará pelo resto das nossas vidas.  Acreditamos e confiamos na justiça dos homens. Que, Deus guarde Bianca, Caio e Cássio para a vida eterna e abençoe a todos nós, sempre!

Jandira, Carlos, Michele, Cibele e Cleber.

Pedro Osório, 8 de março de 2012.

(texto enviado pela mãe da Bianca, Sra Jandira)

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