Geral

Da Necessidade de um Teatro em Pedro Osório

(Foto: Divulgação)
Por Rodrigo Netto
26/03/2014 11:52
Atualizado em 18/09/2017 20:36
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A pedido do Jornal Tradição e do site pedroosorio.net a Professora Auta Inês Medeiros Lucas d’Oliveira, Ex-Secretária Municipal de Cultura e Arte-Educadora, e que também comanda o grupo de teatro Sátiros, escreveu sobre a importância e a necessidade de ter um teatro em Pedro Osório, confira o texto:

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A pedido do Jornal Tradição e do site pedroosorio.net a Professora Auta Inês Medeiros Lucas d’Oliveira, Ex-Secretária Municipal de Cultura e Arte-Educadora, e que também comanda o grupo de teatro Sátiros, escreveu sobre a importância e a necessidade de ter um teatro em Pedro Osório, confira o texto:

Foram poucas as vezes que vi nossa comunidade sair às ruas para reivindicar alguma coisa. Nessas vezes, o povo se manifestava para pedir mais segurança pública. Lembro, pois como pedrosoriense que sou, estive junto, eu e meus alunos, com cartazes e faixas.

Hoje, para minha grata satisfação, a reivindicação amadurece e vai mais além. Transformou-se em luta por cultura. O que se pede desta vez é para que se retome um antigo projeto de recuperar o prédio da Cooperativa dos Ferroviários e o transforme em Teatro. Projeto, aliás, de minha autoria, quando estive à frente da Secretaria Municipal de Cultura, no ano de 1997.

No fundo, as reivindicações são parecidas, embora, na superfície, não se enxergue a relação entre segurança pública e cultura. Por compreender esta forte relação é que venho novamente abraçar esta causa e alertar minha comunidade de Pedro Osório e Cerrito sobre a importância deste movimento.

Onde tem cultura tem menos violência. As pessoas que se envolvem com teatro, dança, música, poesia, cinema, pintura e outras artes resolvem seus conflitos de maneira mais pacífica e consciente. A cultura é sabedoria popular. De nada adianta uma pessoa sozinha ler vários livros, pintar vários quadros ou ouvir belas músicas se esta sabedoria não alcançar mais ninguém. O mundo lá fora, entregue à barbárie, uma hora vai lhe cobrar esta conta.

A cultura, tal como a educação, é um direito do povo e um dever do estado. Não podemos aceitar o fato de termos apenas a televisão como principal veículo de informação e entretenimento, fazendo a cabeça de nossos jovens e nossa gente. Alguém já se perguntou por quê passamos tanto tempo na frente da televisão ou do computador?

O ser humano tem sede de cultura e de saber. Tem fome de encantamento e de diversão, por isso se envolve tanto com as novelas e os shows da TV. No entanto, a mídia, o rádio, ou a TV, fazem parte da chamada “indústria cultural”. É como produto que eles tratam a cultura. Quanto mais barato, mais vende, e quanto menor o custo, mais baixa a qualidade do produto. Daí a quantidade de “lixo cultural” que invade a tela de nossas tevês e computadores todos os dias, fora as músicas de quinta categoria que ofendem nossos valores e que todos cantam por serem de fácil assimilação.

Este tipo de cultura não contribui em nada com o desenvolvimento de ninguém. Ao contrário, disseminam notícias de violência, traição, tragédia, vingança, corrupção e tantos outros dês-valores que só fazem aumentar o clima de insegurança. Por isso nos trancamos em nossas casas, reféns de nós mesmos, condenados a continuar na frente da televisão, isolados do mundo real e com medo dele.

 

A luta por um espaço cultural é uma luta por liberdade. A arte é emancipatória. Ela devolve ao público e ao artista o direito de se envolver com o que há de mais humano em nós. O encantamento produzido pela arte em especial e pela cultura em geral, traz paz interior e consequentemente mais para as nossas comunidades.

Bem-vindo seja o teatro em nosso município! A região toda aplaudirá e será beneficiada com essa conquista! Brindemos também ao resgate da memória dos ferroviários, simbolizada pela preservação do prédio da Cooperativa e da Pharmácia.

Atualmente dirijo um grupo de teatro com mais de quarenta integrantes. No Cerrito tem outro grupo que mobiliza dezenas de jovens. Vemos também uma grande quantidade de grupos de música e dança que encontram dificuldade em realizar um trabalho qualificado em ambientes improvisados. Até quando vamos esperar?

No ano passado, nós do Teatro Sátiros do GV, apresentamos um belo espetáculo infantil no salão da terceira idade. E o Teatro Origem, do JBS, se apresentou no meio da rua, onde pouca gente conseguia escutar. Investir no TEATRO é garantir a todos nós, atores-sociais, a possibilidade de viver em paz e construir juntos a cultura de Pedro Osório, Cerrito e região.